quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

André Ferreira – Um misturador de reggae e poesia matuta



A poesia matuta e o reggae se misturam no trabalho do músico André Ferreira que desde menino aprendeu a gostar da poesia popular com a sua família. André prega nos shows que faz com a banda Liberdade e Raiz o amor e a justiça social. Ele é desses que acreditam que a música deve servir para humanizar e refletir sobre às questões que afetam a vida do povo.



Alexandre Lucas - Quem é André Ferreira?

André Ferreira - Um guerreiro espartano no mundo contemporâneo. Mas, lutando com as armas do bem. Buscando ser espada viva e resplandecente por todo este universo.

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

André Ferreira - Em Janeiro de 2006 foi plantada uma semente no solo fértil caririense, chamada Liberdade e Raiz. Foi quando dei os primeiros passos como músico. Hoje uma árvore com frutos, em meio ao manancial de grandes criadores locais. Faço o que gosto, com a minha cara e com a cara de quem quiser apreciar.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

André Ferreira - As principais influências do meu trabalho são as esmeraldas encontradas na poesia matuta. Uma cultura apreciada com agudez por minha mente, corpo e espírito.
O espaço natural, o convívio com as pessoas. Lugares, dias, épocas, tudo e todos. A música em sua magnitude intelectual, filosófica e literária.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

André Ferreira - Arte e política andam lado a lado pelo simples fato da política mundial e a vida do ser humano ser quase todo o tempo embasado na beleza, além, de ser uma forma de educação, diversão e cultura. Conexão interligando o mundo em muitas vertentes.

As diversas artes existentes exprimem a vontade, a cultura, a educação e a liberdade de um povo. Quanto mais diversificada a arte em um país maior sua cultura, educação e liberdade de expressão de um povo, ou seja, mais desenvolvida a nação.

Além do fato de que quanto maior o nível de entretenimento do povo, menor suas intervenções políticas e sociais

Alexandre Lucas - Você é o líder da Banda Liberdade e Raiz. Como surgiu a idéia de misturar reggae e poesia matuta?

André Ferreira - Não foi exatamente uma idéia montada como um quebra cabeça. As composições foram conseqüência da natural essência que se entranhou em meu ser, diante das prosas recitadas na dialética matuta, (Poesia Matuta) exibida por meu avô, Antonio Miúdo, como era conhecido e, meu tio Elizon Ferreira. Que ainda hoje me surpreende com suas histórias contadas em versos matutos.
Alexandre Lucas - A banda continua seguindo essa linha?
André Ferreira - A banda tem uma autenticidade adentro a peculiaridade nordestina e no cenário reggae, deve ser respaldada como proposta única. Pois temos consciência de que somos os únicos fazendo Reggae com Poesia Matuta. Até que um dia, quem sabe, sejamos influência de outros caras. Sim, continuamos enveredando nessa linha.

Alexandre Lucas - Tem crescido a música reggueira no Cariri?

André Ferreira - De fato o movimento reggae cresceu muito nos últimos anos aqui na região do Cariri. Mas ainda não temos as raízes verdadeiras do reggae na cultura local. Isso é com o tempo. As pessoas precisam pesquisar buscando incessantemente entender suas vertentes e principalmente sua maior causa. “Tocar fogo na babilônia”. Que significa, dar amor uns para os ouros. Atingir as pessoas com amor.

Alexandre Lucas - Quando será lançado o segundo CD da Banda?

Atualmente estamos em estúdio gravando o CD ‘Reggae Roots Cordel’. E queremos demonstrar nesse acervo, todo nosso esforço e dedicação, focando e difundindo assuntos diversos, numa pluralidade musical bairrista-universalizada. Esse será nosso CD de Nº 1 gravado em estúdio. Mas já gravamos vários CDs demonstrativos.

Alexandre Lucas - O reggae é uma música discriminada?
André Ferreira - Mesmo no meio do movimento há sempre quem critique. A música do gueto sempre será descriminada, por se tratar de um movimento de protesto, com livre expressão, resistência suburbana e, principalmente da negritude. Dentre outros fatores que contribuem para o desconforto dos escravos capitalistas.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Andre Ferreira - Ensinar a valorizar a nossa cultura, nosso povo, nossas raízes. O manancial de nossas águas em meio a o oásis cearense.
Alexandre Lucas - Além do reggae quais os outros estilos musicais que você aprecia?

Andre Ferreira -Blues, um pouco de Jazz, Rock clássico e outras vertentes, Forró de Raiz, Maracatu, Rap Nacional, MPB, Aboios, samba de raiz, Bandas cabaçais, Dance Hall, Rocksteady. Ska, Dub, New Roots, Música instrumental.

Alexandre Lucas - Quais seus próximos trabalhos?

Andre Ferreira -
Com a Liberdade Temos planos em mente.
Mas, particularmente, um CD. Meu novo projeto com a banda Expresso Reggae. Ainda sem nome em esboço, mais brevemente no mercado.

TENTATIVA DE GOLPE POLÍTICO EM JUAZEIRO DO NORTE – CE - NO ANO DO CENTENÁRIO

(mote: Cobra, tiú, camaleão, e outro filho da fruta)

AUTOR: Hamurábi Batista




Juazeiro é centenário,

Sua história é radiante,

Seu romeiro é triunfante

Nas contas desse rosário:

Mãe das Dores, Pai vigário

Meu Padrin, Santo advento.

Já foi palco, em outro tempo

Dias de glória, e de luta

De sanguinária disputa,

Tortura, e perseguição,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



2

Em 14, em nossa História,

Deram golpe, pretenderam,

Crueldades cometeram

Disseminando a escória,

Em sua intenção inglória

Para matar Padre Ciço,

Detonaram seu toitiço

Perseguindo ao romeiro

Confrontaram a Juazeiro

E levaram pau na luta:

Escangalho, má conduta

Para tomar no canhão,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



3

São capazes da trapaça

Pela gana do poder,

Pra se auto promover,

Praga ruim, engodo, traça,

Joga sujo, faz pirraça,

E engana a população,

Compra até televisão

Para enrolar quem escuta,

Atrapalha, dificulta,

Em prol da abominação,

Cobra, tiú, camaleão

E outro filho da fruta.



4

Em Juazeiro, desterro,

Implantou-se a confusão,

De outra coligação

Para tomar o governo,

Cometeram o mesmo erro

Ao distorcer a demanda,

Pois fazem má propaganda

Desque perderam a eleição.

Do passado, agora, então,

Vão repetir a disputa?

Pode ser filho do cão,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



5

Difícil é administrar

Com inimigo tinhoso,

Diacho ruim, duvidoso,

Bodejado, e bafafá,

Pois no seu lado de lá

Do que fez, acusa agora,

Usa a mídia, nos devora,

Para enganar quem escuta,

Eleitoreira conduta

Promovendo a enganação,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



6

Quando Collor, noutra via,

Deu mancada, foi cassado,

O que se viu no passado

Foi mesmo democracia.

Como foi? No mesmo dia

O vice eleito assumiu.

Em Juazeiro se viu

O clamor da ditadura,

Tomaram a prefeitura

Atrapalhando a labuta

Num golpe frouxo, fajuta,

Para enganar o povão

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



7

Com artimanha caçaram

A prefeitura atual.

Numa manobra anormal

Ao vice também barraram,

Nem sequer argumentaram

Ao planejarem seu golpe,

Pois selaram em envelope

A sua própria ruína,

Embasados na doutrina

Do diacho ruim que disputa,

Difama, atrapalha, insulta

Desque perdeu a eleição

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



8

Faço alerta à Juazeiro

No ano do centenário,

Veja bem no calendário

O golpe sujo, matreiro,

Veja quem falou primeiro

Para acusar de tortura.

No golpe da prefeitura

São capazes da trapaça,

Pois que dele mesmo faça

Camufla, mente, insulta

Para acusar na disputa

Desque perdeu a eleição

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A menininha

Vou ganhar essa noite
Desvendar o cheiro de enlatados
Cobrir-me de cansaço
Avermelhar os olhos
Jogar pedras como se jogasse bolas
Na retaguarda silenciosa dos postes guardiões das noites
Refletir sobre os sapatos gastos
E os pratos vazios
E o arco para o qual me deparo
Paro,
Lembro-me do sorriso de uma menininha suja
( cinco anos)
Que a coloquei nos meus braços
ou ela me colocou nos seus frágeis bracinhos
Como se o seu silêncio fosse um grito
Para banhar a sociedade que lhe sujava.

Alexandre Lucas

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Filomeno Eufrásio, um anônimo inventor de sonhos


Quem diria, que em meados da década de 70-80, o Crato conheceria o seu mais nobre e simples inventor de robôs. homem humilde nascido em Crato no sítio bebida nova, 50 anos de um sólido e feliz casamento, conquanto, felizes estavam sempre ladeado de seus quatro filhos, ( Atônio Soares,Aloísio Soares, Francisca Soares e Luciana Soares Eufrásio).

Homem simples de origem rural, migra para o centro urbano de Crato para ensaiar a profissão de funileiro e pintor de carros, consegue então, estabelecer-se no ramo, pela competência de seus primorosos serviços, conhece então o senhor Edival Saraiva, pai de Julio e Anália, com o qual fez grande amizade ao trabalharem juntos. Seu Filomeno como era conhecido, tinha uma grande paixão pelos seriados de ficção cientifica, e de programas infantis que em seus conteúdos apresentavam aquilo que para ele, era a grande prova do avanço tecnológico, algo quase que imaginável, UM ROBÔ, sem nunca ter visto , no devaneio de sua criativa imaginação, resolveu, construir um. Fez o primeiro, depois o segundo, a impressa da época fez a cobertura do grande feito, magnífica proeza, além de se deslocarem os famosos robôs articulavam braços mãos e pernas ,emitiam luzes um verdadeiro festival, sem contar do impressionante acabamento dado as peças.

Seu Filomeno no entanto, sabia que aquele seu feito tinha, entre outras coisas além do reconhecimento natural de suas obras uma pitada de realização pessoal,pois era uma grande entusiasta, no entanto seu projeto aguçou outros projetos como foi a idéia de se construir um grande helicóptero que sobrevoaria a cidade de Crato, partido do terraço da casa de seu amigo Edival Saraiva , que logo foi desmotivado por questões de segurança por militares da aeronáuticas que por aqui moravam. O fato é, que essas pessoas que fizeram e ainda fazem a história do Crato, na grande maioria das vezes ficam no esquecimento da história de nossa gente.
Seu Filomeno Eufrásio, faleceu no dia 15 dezembro de 2010 aos 82 anos por um ataque cardíaco, seu robôs que fizeram parte da historia cultural do Crato estão empoeirados na oficina de seu filho Aluísio, ao invés de estarem num museu, para que possa por meio deles, ser recontado em prosa e verso as pitorescas histórias do povo do Crato, como tantas e tantas histórias perdidas, seja pela inoperâncias de políticas publicas que deveriam resguardar a trajetória no tempo de seu povo, seja pelo nosso embaraçoso jeito de ver as coisas que são ditas “velhas”.

Porém, é bom que lembremos, que a finitude é extremamente democrática, virá para todos e todas, independente de nossa classe, raça,cor e opção religiosa, para tanto, façamos diferentes daqui para frente. Parabéns aos familiares do senhor Filomeno Eufrásio, esse grande herói, que nos mostrou que mesmo na simplicidade podemos sonhar... e sonhando podemos alçar novos voos, quebrando paradigmas.

Samuel Duarte Siebra
Professor da Rede Estadual de Ensino

domingo, 2 de janeiro de 2011

Janinha Brito - A (a)postadora do Cariri no mundo




Blogueira aposta no registro e na difusão da produção artística e cultural da região do Cariri, Sul do Estado do Ceará, como forma fortalecer a identidade do povo do Cariri. Janinha é uma pequizeira, para quem é do Crato/CE isso é sinônimo de guerrilheira, ela é uma dessas mulheres fortes e defensoras do “cratinho de açúcar” .

Alexandre Lucas - Quem é Janinha Brito?


Janinha Brito - Sou uma apreciadora de arte e cultura do Cariri, cantora, blogueira e articuladora cultural.


Alexandre Lucas - Quando teve início seu trabalho artístico?


Janinha Brito - Em 1993, nos bares do Cariri, fazia dupla com Júnior Rivadávio, viajava com shows de MPB.


Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?


Janinha Brito - Música Popular Brasileira, especificamente a Nordestina, trazida pelo meu pai.


Alexandre Lucas - Como você vê a relação entre arte e política?


Janinha Brito - Vejo avanços, o governo Lula abriu portas para a arte e cultura, valorizando mais a arte popular, o ensino de artes nas escolas, projetos, eventos etc.
Muito pode ser feito ainda, mas já podemos hoje nos projetar a viver de arte.


Alexandre Lucas - O que é música para você?


Janinha Brito - Me emocionei com a pergunta...música é o meu sentido, minha razão.
Meu pai era músico, cada fase da minha vida tem uma forte lembrança musical, ela será minha profissão, a faculdade que farei, meu lazer, como sou lembrada pelas pessoas, alimento da minha alma!


Alexandre Lucas - Você vem dedicando parte do seu tempo a manutenção do Blog Cultura no Cariri. Como surgiu a idéia do Blog?


Janinha Brito - Pela necessidade de um espaço na internet onde pudéssemos saber mais sobre a cultura da nossa cidade.


Participei de um seminário do MINC, e do Entre Pontos, lá nos perguntaram sobre como saber mais sobre a música e cultura da nossa região, se estávamos organizados em uma associação ou tínhamos disponível algum material sobre a carreira na internet, percebi então nossa carência de registros e divulgação do trabalho, desde então tenho, com amor, me dedicado junto de grandes parceiros a atualizar o "Cultura no Cariri".


Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?


Janinha Brito - Resgate da história de grupos de reisados, divulgação de novos artistas, de projetos sociais, etc.


Alexandre Lucas - O que é a cultura no Cariri?


Janinha Brito - É a essência do "ser" nordestino, a mistura da história, tradição, música, dança, poesia da forma mais pura e verdadeira.


É a nossa chapada do Araripe, nosso reisado, as lendas sobre as passagens de Lampião e seu bando contadas por nossos avós, é a rapadura e nossos velhos engenhos, o pequi, as romarias ao "padim Ciço", é a festa do pau da bandeira, procissão de Nossa Senhora da Penha, a feira, é Patativa, é Luiz Gonzaga!


Alexandre Lucas - Como você vê a participação dos músicos e interpretes do Cariri nos grandes eventos da Região?


Janinha Brito - Já pensei muito sobre isso, nossa exclusão deve ser transformada em uma grande guerrilha artística, idéia do Cacá Araújo e direcionada aos atores de teatro quando sentiram-se excluídos de uma das maiores manifestações culturais da região, além do mais, a tal "grande" festa vem perdendo o caráter cultural a cada ano, temos de nos organizar para melhor reivindicar nossos direitos.


Alexandre Lucas - O que é preciso para democratizar a diversidade musical?


Janinha Brito - A internet é uma grande parceira dos artistas, a forma mais acessível e dinâmica de apreciar e divulgar o trabalho. Temos muito ainda a explorar!


Alexandre Lucas - Como você enxerga o cenário musical do Cariri?


Janinha Brito - Precisa ainda profissionalização, oportunidades, incentivo material, organização e valorização!


Alexandre Lucas - Quais seus próximos projetos?


Janinha Brito - Voltar a cantar um repertório com músicas nordestinas e compositores caririenses, expandir o Cultura no Cariri, criar uma associação dos músicos do Cariri.