segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Dane de Jade – Cultura enquanto desenvolvimento humano



A produtora cultural, atriz e pesquisadora Dane de Jane assimirá a partir de janeiro de 2013 a Secretaria de Cultura do Crato. Na função de Secretária de Cultura da minha cidade natal, espero poder contribuir para o alargamento das ações que buscam desenvolver o ser humano, na perspectiva da construção de uma sociedade melhor.  Ela destaca  “Vamos analisar cada ponto da “Carta Compromisso com a Cultura” e buscar junto às três esferas do poder público e a sociedade os meios para honrar esse compromisso. A “Carta” trata-se de um documento político assinado pelos quatro candidatos a prefeito do Crato que assumem compromissos com politícias públicas para cultura. O documento foi elaborado a partir de uma proposção nacional elaborada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura.    

Alexandre Lucas - Quem é Dane de Jade?
Dane de Jade - Natural do Crato - Ceará, atriz-pesquisadora, produtora, arte-educadora, radialista e gestora cultural. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Regional do Cariri - URCA, cursou também arte-educação na URCA, pós-graduação em Gestão Estratégica nas Organizações de Terceiro Setor na Universidade Estadual do Ceará – UECE e Doutoranda em Turismo, Lazer e Cultura pela Universidade de Coimbra em Portugal. Dirigiu o Departamento de Promoção, Difusão e Ação Sócio-Cultural da Fundação Cultural J. de Figueiredo Filho em Crato-CE, fomentou a criação e gerenciou o Programa Cultura do SESC Ceará por 14 anos, onde desenvolveu e coordenou, entre outros projetos, a Mostra SESC Cariri de Culturas.

Foi a responsável pela curadoria do projeto “Traga a França para os meus versos e leve os meus versos para França”, dentro da programação do Ano França/Brasil na Universidade de Poitiers e criou a Mostra SESC Luso-Brasileira, em Coimbra/Portugal. Por 13 anos foi a curadora representante do Ceará nos projetos Palco Giratório - Rede Nacional de Difusão e Intercâmbio das Artes Cênicas e Sonora Brasil - Formação de Ouvintes Musicais.
Participou e atou em diversas peças de teatro no Ceará, com indicação ao prêmio de melhor atriz pelo espetáculo “O Baile do Menino Deus.” Atuou no monólogo “A Hora da Bruxa”, dirigida pela argentina Vanina Fabiak e participou da fundação do Grupo Armazém de Teatro - GAT em 1996.

Como curadora, participa do Festival Cena Brasil Internacional (Rio de Janeiro e São Paulo),  da comissão de seleção do Festival de Curitiba e do Edital Verão Cênico 2012 em Salvador/BA, integrou o núcleo curador do Prêmio Myriam Muniz em 2009, a comissão do Programa Petrobras Cultural 2010 e a delegação brasileira no Festival de Edimburgo/Escócia em 2011.  É integrante da Rede de Programadores Conexões Latinas sediada em Buenos Aires/Argentina.

Sócio-fundadora da Ong BEATOS - Base Educultural de Ação e Trabalho de Organização Social. Realiza palestras e oficinas sobre Gestão Cultural em diversas regiões do país. Vencedora do Prêmio Claudia 2012 (maior premiação feminina da América Latina realizada pela editora Abril) na categoria Cultura. Membro do Conselho Estadual de Cultura do Ceará, consultora da Associação Teatro da Boca Rica. Desenvolve trabalhos e pesquisa na área de tradição popular, atualmente aceitou convite para assumir a secretaria de Cultura do Crato.

Alexandre Lucas - Quando ocorreram seus primeiros contatos com as artes?

Dane de Jade - Boa parte de nossa infância, minha e dos meus irmãos, foi vivida dentro do Cinema da Rádio Educadora de Crato, mantido pela Fundação Padre Ibiapina. Quando estavam em cartaz filmes que meu pai, Raimundo Inácio,  considerava “apropriados” para a nossa idade, assistíamos das cadeiras, quando ele dizia que os filmes eram “proibidos”, ficávamos na cabine de projeção vendo-o trabalhar e observando os rolos com as películas. Papai foi operador cinematográfico e minha mãe, Luzanira, professora da Fundação, ela ensinava corte e costura, era uma artista das mãos que além de excelente costureira bordava, pintava e fazia artesanatos belíssimos. Meus pais sempre foram, para mim, motivo de grande admiração: ele, pela honestidade, serenidade e perseverança; ela, pela bondade, sabedoria e sensibilidade artística que manifestava até em tarefas cotidianas como cozinhar, costurar, na relação amorosa e afetiva com as pessoas, sem fazer distinção de posição social. Então meu primeiro contato com a arte vem dessa educação que recebi de meus pais.

Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória.

Dane de Jade - Quando muito pequena recebi de uma tia o apelido que me acompanharia por toda a vida. Crianças que costumam fazer traquinagens são chamadas de “danadas”. No meu caso, o nome passou por variações desde “Danoca, Danada” até virar “Dane”, quando comecei a me iniciar no meio artístico recebi o complemento “de Jade” batizada por João do Crato, devia ter uns 15 anos. Iniciei meus estudos em uma escola municipal chamada Teodorico Teles, onde fui alfabetizada por Tia Mariza. Estudei no Colégio Pequeno Príncipe e Madre Ana Couto, em seguida, no Colégio Diocesano do Crato, ambos ligados à Fundação Padre Ibiapina. Ainda na escola comecei a participar de apresentações teatrais, musicais, grupos de lapinhas e quadrilhas juninas, inicialmente era brincadeira, mas com o passar dos anos essas atividades foram ocupando cada vez mais o meu tempo. Atuei em espetáculos teatrais como “O Belo e a Fera”, “FM Histérica”, “Até que a morte me separe”, “TV Devora – A emissora que traça todas”, “A Vingança do Carapanã Atômico”, “O Baile do Menino Deus”, entre outros; participei de ações musicais como “Coral Boca de Sapo” e shows em barzinhos, fiz vocal no cd de Hildelito Parente (eu e Auci Ventura). Em 1996 atuei, em comemoração ao Ano da Terceira Idade, no monólogo “A hora da bruxa – o mito do corpo sempre jovem”, em que fui dirigida pela argentina Vanina Fabiak.

Trabalhei sempre com ações culturais, em instituições privadas, órgãos públicos ou produções independentes. Participei das gestões do ator e diretor Fernando Piancó e do cineasta e poeta Rosemberg Cariry na secretaria de Cultura de Crato, quando trabalhei em diversos projetos: Festival CHAMA – Chapada Musical do Araripe, Encontro de Cultura Popular do Nordeste, Auto da Malhação do Judas, Dia de Reis, entre outros. No mandato de Rosemberg na gestão do prefeito Raimundo Bezerra iniciamos uma articulação junto à Prefeitura para aquisição da propriedade onde se deu um importante episódio histórico da região Cariri, o “Caldeirão da Santa Cruz do Deserto”, movimento social liderado pelo Beato José Lourenço e cujas características lembram Canudos, na Bahia. A partir desse momento me envolvi mais diretamente com grupos de tradição popular: Reisados, Maneiro-Pau, Cocos, Bandas Cabaçais, Lapinhas, Guerreiros e tantos outros que compõem o vasto caldeirão de manifestações do nordeste.

Nesse mesmo período, mobilizamos a criação da Fundação Mestre Elói. A proposta inicial encabeçada pelo Mestre Elói (poeta popular, radialista e folclorista) era homenagear o rabequeiro Cego Aderaldo, mas, com sua morte (Mestre Elói) a instituição passou a ser chamada Fundação Elói Teles de Menezes, uma homenagem a esse baluarte da cultura popular com quem tive a honra e a satisfação de conviver e aprender.

Em 1998, o Serviço Social do Comércio, o SESC, estava reinaugurando sua Unidade no Crato e abriu seleção para coordenador de Cultura. Participei da seleção, fui aprovada e ocupei este cargo por dois anos, quando pudemos trazer iniciativas desenvolvidas nacionalmente como os projetos “Dramaturgia – Leituras em Cena”, “Palco Giratório” e “Sonora Brasil”, entre outras ações capitaneadas por Sidnei Cruz e Wagner Campos, ambos do Departamento Nacional do SESC, foi nesse período que encaminhamos a reforma do auditório do Sesc Crato para ser adequado e estruturado como espaço cênico, o Teatro-Auditório Adalberto Vamozi.

Logo me identifiquei com os ideais do Sidnei Cruz (grande amigo) e passamos a pensar, sonhar, executar e organizar ações para região Cariri, uma delas a elaboração do projeto “Desenvolvimento e Consolidação do Teatro no Cariri”,   que dividimos em três eixos: (1) “Um Teatro Atrás do Outro”, (2) “Banco de Textos Teatrais” e (3) “Mostra SESC Cariri de Teatro,” cuja primeira edição foi realizada em 1999 em Crato, apesar da programação relativamente tímida, já continha, no seu embrião, a possibilidade de expansão que veio a se concretizar nos anos seguintes.  

 Com o apoio e incentivo da direção do SESC Ceará, Presidente Luiz Gastão Bittencourt e a diretora Regina Leitão, geramos uma grande efervescência cultural na região Cariri com desdobramentos e reverberação em todo o país. Convidada a assumir a gerência regional do Programa Cultura do SESC-CE, em 2001 me transferi para Fortaleza com minhas filhas Jade e Clara. Desempenhei as funções relativas a esse cargo até 2011, regularizando, nesse período,  o Programa Cultura do SESC em nível estadual, buscando promover maior articulação entre as programações das unidades SESC no Ceará. Para isso estruturamos uma equipe capacitada para sistematizar, formatar, elaborar e acompanhar ações e atividades no âmbito do programa cultura.

Atualmente estou envolvida em ações de curadoria junto a festivais nacionais como Festival Cena Brasil Internacional (Rio de Janeiro e São Paulo) e Festival de Teatro de Guaramiranga, participo de comissões de seleção de mostras em Fortaleza, Aracaju, Bahia, Curitiba, entre outras cidades. Realizei na cidade de Antônio Cardoso/BA o Festival Bule Bule – Um Conto de Poesia, em homenagem ao grande poeta, cantador e repentista Mestre Bule Bule.

Integrei a curadoria do projeto Palco Giratório, do programa Petrobras Cultural e FUNARTE.
Em nível internacional, participei da curadoria do Festival de Edimburgo e coordenei a Mostra Luso Brasileira de Culturas na cidade de Coimbra, Portugal. Participei do Festival Del Caribe, em Santiago de Cuba, do intercâmbio em Pontedera na Itália e do Encontro de Programadores em Buenos Aires na Argentina.

Ao final do ano de 2011, fui convidada pela presidente a assumir a Consultoria Institucional de Cultura no SESC Ceará, função que desempenhei até o final de 2012, quando recebi o convite do prefeito Ronaldo Gomes de Matos e seu vice Raimundo Filho para assumir a Secretaria de Cultura do Crato.

Alexandre Lucas - Como você ver a produção artística na região do Cariri?

Dane de Jade - Percebo um momento de elevados níveis de consciência artística, quando as pessoas estão em busca de maiores e melhores critérios para organização dos seus trabalhos, uma vontade coletiva de cada vez mais  de qualificar as suas ações.

Entretanto, percebo também que, apesar dos esforços investidos, as dificuldades continuam limitando a expansão do setor, dificuldades que estão presentes em todo o país e  se expressam com maior ou menor intensidade nos lugares.

Implementar políticas culturais no Brasil, diante de tanta riqueza e diversidade, é sempre um desafio. Temos poucos históricos de políticas sistematizadas e regularizadas no âmbito da cultura.

O campo da cultura ainda está em ajustes. Os orçamentos disponíveis são restritos para dar conta de todas as demandas, o que termina por fortalecer a indústria cultural protagonizada pela grande mídia.

Precisamos pensar a cultura a partir de outra lógica que não a economicista. O retorno dos investimentos em cultura não se traduzem, nem podem se traduzir, em lucros financeiros. São investimentos na transformação humana com fins sociais.

Toda política pública deveria ser, acima de tudo, uma política cultural, e, nesse sentido, uma politica social.

O campo da cultura, sobretudo aquele que se manifesta por meio dos princípios e das formas artísticas,  possui o que se costuma chamar de fecundidade. Ele é capaz de dar origem, de propiciar algo, de instigar, de transformar.

Precisamos avançar na salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro, revigorando e fortalecendo o diálogo permanente com as nossas manifestações tradicionais. É também por meio dessas tradições, enquanto espaço aberto para a reflexão e a consciência, que a cultura pode contribuir de maneira significativa para o engrandecimento humano e para o desenvolvimento social sustentável.

Alexandre Lucas -  Você foi uma das idealizadoras da “Mostra  Sesc” no Cariri que ao longo dos anos recebeu vários nomes e é um evento que vem se consolidando na Região Metropolitana do Cariri. Qual a importância da Mostra?

Dane de Jade - Ainda na Fundação Cultural eu pensava numa proposta que abraçasse a realização de um festival no Crato, uma ideia que pude dar forma concreta depois que ingressei no SESC em 1998.  Apresentei a proposta e ela foi melhor estruturada por meio do projeto Desenvolvimento e Consolidação do Teatro no Cariri, que elaborei em parceria com Sidnei Cruz (na época, técnico em teatro do Departamento Nacional do SESC).

Inicialmente, o principal objetivo era estimular a produção teatral na região, proporcionando o desenvolvimento dos artistas e a participação do maior número possível de grupos, espetáculos, artistas, estilos e visões distintas no fazer cênico. A proposta era incentivar a troca de informações, ampliar o campo de referências e contribuir para a comunhão dos que fazem  teatro no Ceará, acabamos por ampliar as linguagens e trazer para Mostra ações nos diversos segmentos que compõem o programa cultura do Sesc como literatura, música, tradição, cinema e artes visuais.

A partir desse conceito surgiu a Mostra Sesc Cariri de Teatro, passando à Mostra Sesc Cariri de Artes, numa parceria com a SECULT Ceará e em seguida, à Mostra Sesc Cariri de Culturas, que hoje abrange essa diversidade de linguagens e ações que se espalham por toda a região.

A Mostra se constitui como uma ação fundamental para o Cariri, irrigando a região com o que há de mais instigante no panorama artístico nacional.

Nesse sentido, ela oportuniza o intercâmbio das artes, dos artistas e das comunidades locais, proporcionando formas de difusão e valorização das culturas, fomentando as práticas e os saberes locais. Ela assume o desafio de se inserir nos diversos municípios que compõem e região, mantendo a sua capacidade de renovação com o compromisso de atrair, cada vez mais, investimentos e esforços que possam se traduzir em políticas de cultura.

Alexandre Lucas - Você vem desenvolvendo no Crato um trabalho na ONG Beatos. Fale desse trabalho.

Dane de Jade - A ONG BEATOS - Base Educultural de Ação e Trabalho de Organização Social, é um espaço coletivo com ações integradas voltadas para os saberes de tradição oral, a troca de ideias e a pesquisa. Ela se constitui como uma organização da sociedade civil criada com o intuito de defender e promover os direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e simbólicos das comunidades onde se insere.  A Beatos é uma associação sem fins lucrativos que reúne pessoas atuantes na preservação, melhoria e revigoramento das tradições populares. Uma proposta em cultura, patrimônio e educação voltada para o desenvolvimento das pessoas, construída a partir do sentimento de coletividade e comunhão, fundamentada no pensamento dos beatos, como por exemplo, Pe. Ibiapina e José Lourenço, idealizadores  de uma civilização para um mundo melhor.

Dentre os seus objetivos estão o fortalecimento da democracia e a busca do desenvolvimento social, a preservação ambiental, o uso de tecnologias sustentáveis, o respeito e salvaguarda da memória e do patrimônio cultural dos povos. No seu conjunto de ações podemos destacar o Centro de Referência, Transmissão, Pesquisa e Memória das Culturas do Cariri recentemente certificada pela Gaia Education.

Enquanto sócia-fundadora da ONG,  tenho atuado na articulação de projetos e propostas como a implantação do Programa de Fortalecimento do Centro de Referência de Cultura para Sustentabilidade da Região do Cariri Cearense – Gaia Cariri com o intuito de promover, permanentemente, o envolvimento, o compromisso e a participação das comunidades locais no manejo e aproveitamento dos recursos naturais, de acordo com os critérios de sustentabilidade.

Buscamos focar em ações culturais que possam contribuir para o fortalecimento das nossas identidades, para a transmissão das culturas e saberes de tradição oral e para a preservação do meio ambiente.

A proposta da BEATOS é ser um espaço coletivo com ações integradas, focadas nas trocas simbólicas e afetivas, que possam envolver as comunidades e a região do Cariri. 

Alexandre Lucas - Nos últimos meses os artistas do Crato vêm se mobilizando e discutindo políticas públicas para a cultura. Você é uma das pessoas que tem participado dessas discussões. Na sua avaliação o que representa para o Município o desenvolvimento de políticas públicas ao invés de política de gestão?

Dane de Jade - Na verdade uma coisa não está dissociada da outra; políticas públicas e políticas de gestão podem ter um sentido de complementaridade.

O que realmente considero necessário para a elaboração e implementação de políticas públicas de cultura é o dialogo permanente. É a partir desse diálogo que poderemos perceber e compreender as demandas socioculturais.  Entendo a cultura como algo que não necessariamente está relacionada ao puro entretenimento. Acima de tudo ela tem uma função sociopolítica. A sua proposta deve estar relacionada ao desenvolvimento humano, à “ampliação da esfera de presença do ser”, nas palavras de Teixeira Coelho.

Alexandre Lucas - A indicação do seu nome para Secretaria de Cultura do Crato é avaliada como positiva por diversos segmentos da cultura. Como você encara esse desafio?

Dane de Jade - Como você bem coloca, encaro como um desafio, entretanto, numa perspectiva bastante otimista, por saber que estarei contando com o apoio das pessoas, dos artistas e dos gestores municipais, o Prefeito Ronaldo Gomes e do Vice Raimundo Filho.

Gestão cultural é a minha área de afinidade, de paixão. Sou militante da cultura e busco sempre, enquanto cidadã, levantar a  bandeira da Cultura, destacando a sua importância fundamental para os processos de desenvolvimento das sociedades.

Na função de Secretária de Cultura da minha cidade natal, espero poder contribuir para o alargamento das ações que buscam desenvolver o ser humano, na perspectiva da construção de uma sociedade melhor.  É um prazer e uma honra poder fazer isso a partir do Crato, a partir do Cariri. 

Alexandre Lucas - A “Carta Compromisso com a Cultura” foi assinada pela candidatura  do Prefeito eleito. Como você pretende honrar esse compromisso?

Dane de Jade - Assumiremos no dia 01/01/2013.  Inicialmente, a nossa intenção será nos debruçar sobre o planejamento, considerando as realizações e projetos de gestões anteriores.

Vamos dar continuidade ao que merece ser continuado. Vamos analisar cada ponto da “Carta Compromisso com a Cultura” e buscar junto às três esferas do poder público e a sociedade os meios para honrar esse compromisso, inscrevendo as ações no Plano Municipal de Cultura definindo com democracia e transparência estratégias de desenvolvimento para o Crato que queremos viver.

Alexandre Lucas - Como pretende manter o diálogo como os artistas e demais segmentos da cultura?

Dane de Jade - Esse é o maior dos desafios. Compreendo a construção da cultura como algo que se constitui por meio do diálogo. Meu gabinete estará aberto para todas e todos, quero estabelecer e institucionalizar canais de participação para que a sociedade tenha o protagonismo na construção das politicas publicas e nas decisões a respeito dos destinos da cidade no âmbito da cultura. Vamos realizar a conferencia de cultura e espero sair da conferencia com os canais de participação devidamente formalizados.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Mostra Nacional de Vídeos sobre Intervenções e Performances começa segunda no Crato




A I Mostra Nacional de Vídeos Intervenções e Performances – Mostra IP  será realizada nos dias 17 e 18 de dezembro na cidade do Crato-CE.  A Mostra tem o objetivo de exibir  vídeos de registros de trabalhos performáticos e de intervenções de artistas e grupos brasileiros.  

A Mostra exibirá trabalhos de artistas e coletivos dos estados do Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Amapá e Pará. O Material recebido será posteriormente disponibilizado numa plataforma virtual que  poderá auxiliar como ferramenta pedagógica os professores de artes.
A abertura da Mostra acontece nesta segunda-feira, dia 17, às 18h30, no Teatral Municipal Salviano Arraes. Já terça-feira, dia 18,  a Mostra começa a tarde a  partir das 14h00 e a noite a às 18h30.

As escolas que participarem da Mostra IP receberão um kit de Arte composto por livro, documentário, cordéis, postais e vídeos.

A Mostra é uma realização do Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA, em parceria com a Pró-Reiotoria de Assuntos Estudantis e  Pró-Reitoria de Extensão da URCA, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, Centro Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes – CUCA da UNE e Coletivo Camaradas.

Para o artista/educador, Alexandre Lucas, idealizador da Mostra IP, o evento visa criar um canal de intelocução entre os artistas brasileiros que desenvolvem ações no campo da performance e da intervenção. Ele destaca que esse tipo de fazer artístico tem uma ligação muito forte com o registro fotográfico e audiovisual, tendo em vista, que é a partir do registro que é possível torna o trabalho discutido e conhecido.      

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Discussão politica caracteriza o Festival Nacional de Teatro de Rua no Ceará

Teobaldo Silva - Coordenador do FESTMAR


A VIII edição do Festival Nacional de Teatro de Rua do Movimento de Agitação e Resistência da Cultura Popular  de Aracati no Ceará – Festmar que está sendo realizada no período de 05 a 08 de dezembro na cidade litorânea  Aracati tem como diferencial esse ano a defesa de 2% no orçamento do Município destinado para a cultura. Em diversas cidades do Ceará, os movimentos de culturas estão se articulando neste sentido, como é o caso da cidade do Crato. Outro ponto defendido no Festival é a criação de uma rede de grupos e coletivos de artistas da região nordeste com o caráter de contribuir no intercâmbio entre os artistas e o fortalecimento político e organizativo dos grupos.  

O Festmar vem se consolidando no Estado do Ceará. Esse ano reúne grupos de teatro dos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul.

O evento reúne 22 companhias e ocupam os espaços públicos da cidade como Praças e monumentos históricos do Patrimônio Artístico e Arquitetônico Nacional.

Para Teobaldo Silva, coordenador do Festmar, o evento surgiu em 1999, como um festival da cidade e posteriormente foi tendo uma abrangência nacional. Ele destaca que o evento ainda realizado com dificuldades financeiras. “Resistimos fazendo arte, pois acreditamos que ela é um instrumento político e desenvolvimentista importante para a população”, frisa Teobaldo.

Para Alexandre Lucas que integra o Programa Nacional de Cultura – PIA, uma rede de coletivos e artistas que trabalham com intervenções e performances,  é imprescindível a criação de canal de diálogo e mobilização política entre os artistas, como é a intenção do Festmar esse ano.     

O evento é apoiado financeiramente pelo Fundo Estadual da Cultura – FEC e conta com algumas parcerias locais, como  Casa da Cultura e uma empresa de contabilidade.                 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Qual é a tua Cícero França?



Candidato a prefeito do Crato/CE
Nome completo: Cícero Bezerra França
Nome do vice: George Macário de Brito   Partido: PV
Data de nascimento: 1975
Partido: Partido Verde (PV)
Nome da Coligação Majoritária: Coligação União pelo Crato
Partidos Coligados: PV, PSDB, DEM, PTN
Formação: Direito
Profissão: Advogado

Alexandre Lucas - Quem é Cícero França?

Cícero França – Sou um cidadão brasileiro, poeta, nascido no Crato – terra da nossa heroína Bárbara de Alencar - com muito orgulho. Trago comigo o sentimento de esperança, renovação e crença nos valores da nossa gente. Cursei Direito na Universidade Regional do Cariri (URCA) e atualmente atuo como advogado da nossa querida cidade. Agradecemos este espaço pela oportunidade de expressarmos nossas ideias e o porquê de entrarmos na vida política.

Alexandre Lucas – Qual a sua história política?

Cícero França – Nossa história política começa bem antes da nossa participação na administração pública na Prefeitura. Começou com os nossos avós. O meu avô Zeba, por parte de pai, foi vereador, prefeito interino. Já o meu avô por parte de mãe, o seu Chagas Bezerra, foi uma figura muito importante na década de 50 e 60, militante de causas nobres da nossa cidade. Homem visionário, pioneiro do transporte coletivo no Crato. Fundou a Várzea Alegrense que depois passou a chamar de Rio Negro. Hoje, o seus netos dão continuidade ao seu legado nessa trajetória política. Nós efetivamente passamos a participar da vida política a partir do ano 2000, quando iniciamos como procurador fiscal, depois passamos a ser chefe de gabinete, durante três gestões, e a última participação na vida pública foi como secretário de Saúde, onde tivemos um grande aprendizado e saímos para disputar esse pleito eleitoral.

Alexandre Lucas – Por que você é candidato a Prefeito do Crato?

Cícero França – A intenção de ser candidato a prefeito do Crato, em primeiro lugar é por ser cidadão e gostar muito dessa cidade. Nós decidimos aceitar um convite do grupo que nós trabalhamos. O atual prefeito, Samuel Araripe, e todos que fazem a sua gestão nos fizeram esse convite e nós aceitamos. Como cratense é o nosso maior orgulho poder disputar as eleições para representar a nossa cidade. Por isso decidimos entrar nessa batalha e abraçar este sonho com a missão de sermos um bom gestor e apontar melhorias para o futuro do Crato. 

Alexandre Lucas – Como você avalia a atual gestão municipal?

Cícero França – Avalio como muito positiva. Uma administração que construiu e fez o básico, quando muitas não fizeram. Sanou as contas públicas e trouxe projetos que serviram de estruturação para o crescimento da cidade. Você manter o equilíbrio financeiro, realizar ações sociais e ainda cuidar da infraestrutura, não é fácil. Porque o município do Crato precisa de recursos e essa administração soube cuidar dos recursos existentes, mantendo a Folha de Pagamento em dia, mantendo as parcerias e as contrapartidas para os projetos que hoje nós vemos pela cidade.

Alexandre Lucas – Quais os desafios para a próxima gestão?

Cícero França – Nós acreditamos que os principais desafios passam pela honestidade e responsabilidade. O Crato é um município de grande porte. Consciente de que o seu gestor tem de ter um histórico e o compromisso de fazer com que a coisa pública seja organizada e planejada. Então os desafios que nós vemos para o próximo gestor é que não podemos fugir do projeto, da transparência e não podemos fugir do trabalho honesto junto à população. Principalmente ouvindo para que façamos o que é de fato prioridade para o município.

Alexandre Lucas – Quais as diretrizes políticas do seu plano de governo?

Cícero França – Nós fizemos questão de fazer um plano de governo e colocamos as principais metas que aprendemos com a experiência ao longo desses 12 anos de administração pública. As diretrizes que colocamos para o nosso Plano de Governo são aquelas que vão favorecer e motivar a população cratense. Vamos trabalhar e ampliar o acesso à saúde, fortalecer a cultura, multiplicar as ações da educação, possibilitando à população o acesso à educação integral, trabalhar para gerar emprego e renda, fortalecendo o mercado já existente. Investir em saneamento, assim como em ações que priorizem o equilíbrio sustentável. É nosso compromisso atuar em consonância com as políticas de sustentabilidade defendidas pelo Partido Verde.

Alexandre Lucas – Qual será o critério de escolha do secretariado numa futura gestão do senhor?

Cícero França – O Crato tem excelentes profissionais, técnicos, pessoas que conhecem a realidade da nossa terra. Nós já temos a experiência de como organizar as ações que vão dar resultados para a população. Então o critério que nós utilizaremos para compor a administração pública municipal são as pessoas que já têm um histórico de contribuição para com o município do Crato, pessoas que possuem um passado limpo e que atuem com honestidade em suas ações, cidadãos que possuam um trabalho técnico a sensibilidade para trazer dentro dos seus planos o melhor para nossa cidade.

Alexandre Lucas - Como o senhor avalia a atuação da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude?

Cícero França – Inicialmente temos de falar do exemplo que o Crato deu ao criar a Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude. Um feito inédito na história política da nossa cidade. Através da criação desta pasta foi possível implantar o Plano Municipal de Cultura, dando suporte às ações culturais da cidade. Esse novo sistema viabilizou a instalação do Conselho Municipal de Cultura e o Fundo Municipal de Cultura, dois importantes órgãos onde as pessoas se reúnem para pensar como os recursos serão aplicados para desenvolver ações voltadas para a cultura. A Secretaria de Cultura resgatou e implantou importantes ações como o Festival Cariri da Canção, valorizou e apoiou os mestres da Cultura, criou o Abril Pra Juventude, e passou a promover o Doce Natal que mobiliza centenas de famílias da nossa cidade durante o período natalino. Um evento importante que resgata o espírito de solidariedade nas pessoas. Então a avaliação que nós fazemos sobre a Secretaria de Cultura é positiva. Contribuiu efetivamente para que cada cidadão sinta-se estimulado e à vontade para desenvolver a Cultura do nosso município. Todos esses empreendimentos trouxeram desenvolvimento e avanços significativos para o setor cultural.

Alexandre Lucas - Pretende manter alguma ação da atual Secretaria da Cultura, Esporte e Juventude?

Cícero França – Com base nos bons resultados apresentados pela Secretaria de Cultura ao longo de sua existência é que nós pretendemos manter as ações apresentadas e ampliar a participação do coletivo de artistas e da população a fim de fortalecer e tornar o nosso Cratinho cada vez mais um recante das artes. Porque nós acreditamos que todas as ações ações que foram apresentadas, elas só trouxeram o benefício para nossa Cultura.

Alexandre Lucas – Quais as diretrizes políticas que o senhor defende para a Cultura?

Cícero França – Nós temos como diretrizes as políticas de incentivo. É através dessa medida que os artistas terão suporte e financiamento com o apoio de nossa gestão para suas atividades. A democratização se torna também uma das nossas prioridades para que os artistas possam opinar e atuar em parceria junto conosco. Tudo isso possibilitará a nossa Cultura alcançar novos horizontes, mostrando País afora o quanto o Crato é detentor de um caldeirão cultural. Pretendemos ainda assegurar a todos os artistas da nossa cidade o acesso a qualquer evento realizado aqui, bem como estender essa acessibilidade à população.

Quais as propostas que o senhor pretende desenvolver para a Cultura?

Cícero França – No nosso Plano de Governo nós defendemos propostas viáveis para a Cultura, como, por exemplo, a criação de uma política de editais para ocupação de equipamentos e o incentivo às artes. Esta seria uma forma de democratizar e ampliar o acesso aos espaços públicos. Para isso nós vamos trabalhar para estruturar esses locais. Através deste mecanismo nós objetivamos o planejamento por parte dos artistas para concorrer aos recursos. Com a criação do Núcleo de Projetos nós visamos a descentralização da Cultura, para que se possa atrair os diversos segmentos da nossa cidade. Essa descentralização contará também com o apoio da Educação. As escolas funcionarão como base de apoio para que as nossas manifestações sejam compartilhadas e relacionadas com os distritos. Em relação às Artes Visuais pretendemos resgatar o Salão de Maio e dar continuidade ao Salão de Outubro, que são duas ferramentas importantes para nossa Cultura.

Como pretende manter o diálogo com os artistas?

Cícero França – A nossa comunicação junto à classe artística do nosso município acontecerá de modo permanente por meio do Conselho Municipal de Cultura. Através das conferências, das audiências públicas, dos fóruns que iremos desenvolver nos diversos espaços do nosso município. Isso fará com que a contribuição direta dos artistas e da população realmente nos dê o direcionamento como também a responsabilidade de fazer as ações que sejam adequadas para a realidade do nosso município.

Qual será a sua política para preservação do patrimônio histórico, arquitetônico, cultural, natural e artístico?

Cícero França – Nós vamos defender tanto o patrimônio material quanto o imaterial. Na questão do patrimônio material nós pretendemos fortalecer os tombamentos com a participação do Conselho e da população. Analisando o valor histórico de cada prédio e vendo a sua contribuição com acervo arquitetônico do nosso município. Já em relação ao nosso patrimônio imaterial, que nenhuma outra cidade tem, nós vamos junto aos mestres da Cultura viabilizar a criação de leis municipais que garantam auxílio financeiro para eles, vamos lutar para que as expressões culturais sejam fixadas no convívio do município do Crato.